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It is not enough to have knowledge, one must also apply it.
It is not enough to have wishes, one must also accomplish
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Johann von Goethe


Sorriso..., inquietude, persistência, energia, conhecimento, acção, querer, determinação, resiliência... sempre!

segunda-feira, julho 04, 2011

O ofício de professora...


Desde que adoptei este ofício de professora, dediquei-me muito à escola, ao trabalho, como entendo que deve ser.
Em (muito) poucos anos, leccionei todos os níveis de escolaridade, desde o 5.º ao 12.º ano e diversas (muitas, demasiadas) disciplinas.
E isto de ser professora de uma área em que o conhecimento é extremamente dinâmico, questiona-nos todos os dias sobre o que ensinar e partilhar com os nossos alunos...
Por outro lado, há sempre muito para "estudar" sobre a organização escola: como funciona, estar up-to-date com a legislação pois se estamos à espera que seja a própria escola onde trabalhamos a dar-nos a informação, bem cristalizamos no tempo. Foi sempre assim por onde passei.
Até que comecei a ficar surpresa porque é que os colegas vinham ter comigo sempre que queriam saber "coisas" de legislação sobre tudo e mais alguma coisa... Acabei por perceber e a surpresa deu lugar ao "pois..."
Após a conclusão do Mestrado, em 2000, continuei a dedicar-me, ainda mais conhecedora (sim, a formação dá-nos muita informação que transformamos em conhecimento), ao trabalho, à investigação, com os alunos e à escola.
Ainda não tinha apresentado as provas de Mestrado e já estava a fazer mais formação - que durou 2 anos -  no Ministério da Educação sobre os novos programas de Física e Química A que iriam entrar em vigor.
[Surgiu o concurso para essa formação, concorri, submeti-me às provas e entrevista na 24 de Julho, no Ministério da Educação e ...seleccionaram-me.]
Nesse âmbito, realizei imensa (imensa) formação, em regime de internato, por vezes, com colegas das Ciências Experimentais de todo o país e fui Acompanhante do Ensino Experimental das Ciências.
Quando comecei a leccionar os novos programas de Física e Química A, sabia perfeitamente como o devia fazer.
Complicado foi explicar aos colegas como devia ser, colegas com anos a ensinar os programas "antigos", com OGPs.
Nunca o consegui fazer.
Não o soube fazer.
Porque era do 4.º B (uma vez um colega do 4.º A - Física e Química -  disse que o 4.º B- Química e Física -  roubava lugares ao 4.º A) e leccionara, quase sempre, disciplinas prático-laboratoriais e tinha/sabia/conhecia/aprendera outra/s forma/s de pensar sobre o como se deve ensinar Ciência...
Até que surgiu a oportunidade de regressar aos "bancos de escola", com nova formação, numa área emergente: A Supervisão Pedagógica e Avaliação de Docentes.
Aprendi ainda mais sobre a escola, a Educação, a sua História e muitas estórias e sobre as pessoas que os alunos e os professores são, sobre a minha profissionalidade docente, numa formação especializada (muito) extremamente exigente.
Na escola, sozinha.
Tudo aos "berros" contra o concurso de titulares, contra a avaliação docente, contra as fichas, os objectivos individuais, contra o ministério, contra...
Muitos a marchar para Lisboa, com cartazes (e tintas pagas por quem?).
Reuniões gerais de profs com propaganda política...
Perdia-se tempo e energia (tão necessária a outras acções...) e depois, afinal, que a autonomia não existia e tal e era melhor fazer e cumprir... (depois de aborrecer os mais reflexivos!) 
Só nunca vi/ouvi "berrar" contra a falta de condições na escola para trabalhar, a falta de recurso a alguma autonomia, possível, contra a eterna frase "não há dinheiro" (nem para trocar lâmpadas, nem para os reagentes e equipamento laboratorial em falta), contra o facto de cada um, por si, não conseguir melhores resultados com os alunos.
Contra isso "berrei" eu.
Ao fim de 25 anos de carreira, fiquei definitivamente convicta, de que é preciso distanciamo-nos e "sair" de vez em quando da (nossa) escola para sentir/ouvir outros olhares/vozes/experiências porque as pessoas acomodam-se, cristalizam e...
A formação em supervisão estava a meio e surgiu a oportunidade de candidatura a doutoramento em Ciências da Educação (quando acabei o mestrado, alguém me perguntou se seguiria para doutoramento; fui peremptória: "agora só em Ciências da Educação").
Foi preciso esperar, porque as minhas decisões são sempre bem reflectidas (defeito genético ou "de fabrico", como costumo dizer), mas um dia estava no local certo, à hora certa, com a/s pessoa/s certa/s...
Mais de 25 anos passados sobre o início da minha actividade docente e continuo apostada na minha profissionalidade, sabendo, contudo que as situações de mesmidade continuarão e a alteridade de cada um continuará a ser, muitas vezes, desprezada, ignorada, espezinhada, torturada, numa demonstração de uma aflictiva tacanhez intelectual, moral e ética...
Nada a fazer.
Apenas continuar a seguir o caminho em que acredito.
Por isso, deixarei aqui, quando tiver tempo, memórias fotográficas das minhas boas e fascinantes vivências formativas (porque as com os alunos já estão cá), no encontro com outros que partilham as mesmas reflexões e preocupações sobre o ensinar e aprender nesta escola do séc. XXI...
Porque o "resto"... não interessa nada... 
17 de Maio de 2011
em www.corcastro.jimdo.com