São passados 2,5 anos...
De vez em quando, relembro e recordo
As boas lembranças fazem bem à alma
Sobretudo se foram o élan para uma "nova vida" profissional...
Há três anos, no mês de Janeiro, iniciámos aquilo que sempre designamos por PG.
Éramos cerca de 25.
Uma turma a estrear uma formação especializada acabada de criar, em tema emergente.
Uma turma muito, mas muito peculiar (já fiz parte de algumas mas esta... muito peculiar, mesmo)
Não nos conhecíamos.
A PG foi muito exigente.
A unir-nos, o sermos professores.
Aulas, muitas.
Horas imensas.
Sextas e sábados.
(o que leva professores, cheios de trabalho, a sacrificarem também os sábados, à procura de mais conhecimento? porque são diferentes de tantos outros?)
Intervalos de troca de ideias.
Aulas em que a planificação dos professores era completamente subvertida pela "participação" dos alunos.
(Recordo que fazia montes de comentários e perguntas muito "impertinentes" - havia uma colega que dizia que eu devia estar calada porque os professores ficavam com má impressão - (eu dizia-lhe que era muito inconsciente, dava uma gargalhada e... continuava com a minha impertinência).
O que ouvia interpelava imenso o meu pensamento, a minha consciência. Durante aquelas aulas, de que não perdia pitada, os meus neurónios mexiam-se tanto, que às vezes nem conseguia ficar quieta no meu lugar. Dava por mim a pensar: "Mas onde estive eu estes últimos 8 anos?!"
O meu lugar, "a minha carteira", foi sempre o mesmo, lá mais para o fundo para ver bem as apresentações, do princípio ao fim das aulas presenciais.
Lembro-me de dar conta, de repente, que muitos mudaram de lugar e, a dada altura, estava rodeada de "conforto".
Lembro-me de me lembrar de tirar fotos para mais tarde recordar.
Numa das aulas, levantei-me e subi para cima das cadeiras primeiro, das mesas depois, para fotografar o sentir das nossas aulas.
Os colegas ficaram estupefactos e alternavam o olhar entre mim e a Professora.
A Professora tinha concordado com a minha proposta prévia e lembro-me de ter respondido prazenteiramente: "Claro Cornélia. Eu nasci para o palco!" E rimo-nos as duas.
Depois de novo, quando a Professora explicou por que é que eu estava em cima da mesa a disparar.
Gosto muito destas partidas. São brincadeiras e interrupções que em nada beliscam o saber. Pelo menos, o meu. Gosto muito deste nonsense.
Quando sou eu a responsável pelas turmas, quando dou aulas, gosto de ir percebendo, aos pouquinhos, quando é que posso surpreender os alunos (normalmente resulta; às vezes não gostam...)
A meio da PG, surge a hipótese de fazer doc. Não penso muito.
Decido.
Concorro.
Sou aceite.
Tive de conciliar as aulas e os trabalhos de ambos os cursos mas as aprendizagens já efetuadas na PG deram-me uma base muito confortável para o doc e depois... acho que sou lenta mas tenho muita capacidade de trabalho. Não sei se isso é bom, quer dizer, em alguns contextos, até nem é nada bom, pensando melhor. Torno-me impaciente, acho que já devíamos ir mais à frente. Sim, grande defeito este...
Alguns poucos colegas dos mais próximos resolvem seguir para mestrado.
Cheios de medo.
Alguns desistiram.
Mas hoje e ontem, passados 3 anos, duas colegas apresentam as suas provas de mestrado.
À OB não vou perdoar não me ter avisado, sabendo que eu queria assistir.
À CD agradeço ter-me avisado.
Um tema muito bonito (que ela sabe que gosto).
E a oportunidade de ouvir uma arguente... de que gostei muito: críticas muito subtis, elogios declarados, propostas de trabalho futuro.
Perguntava eu às 2 colegas "Já pensaram se pensaram há 3 anos que hoje iriam estar aqui, neste ponto, com uma PG e um mestrado feitos?"
Numa tese onde se falou do poder das metáforas para ensinar e aprender
e na qual a arguente lembrou este filme...
E porque... esta prof de FQ também acha que sim...
E como disse um colega no FB há pouco "Que vontade de rever o filme!"
Gosto sempre de ir/voltar à Universidade a estas comunhões de ideias.
Saímos sempre mais revigorados.
Vou fazê-lo enquanto puder...
(Na última aula da última unidade curricular do doc disse, já com saudades, "Tão cedo não volto aos bancos de escola..."
Sei lá!
Quem sabe...?)
«As autoras de um seminário sobre supervisão pedagógica e avaliação de docentes. As vontades. Os saberes. Os poderes transformadores. Que reuniu cerca de 300 professores que não desistem de procurar 'dias mais claros'. E que encontram. E que partilham. Entre os constrangimentos e as possibilidades. E que descobrem que o futuro não está 'todo' escrito e que temos de lá morar. Um dia memorável. Por diversas razões: pela prova pública de saberes construídos ao longo de uma longa formação; pela dedicação e pelo entusiasmo; pelo profissionalismo evidenciado. Por diversos sentimentos: pela alegria, pela esperança, pela gratidão. Assim, o fecho de uma semana de emoções sensíveis.»
O sorriso Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz lá dentro,
apetecia entrar nele,
tirar a roupa,
ficar nu dentro daquele sorriso.
Correr,
navegar,
morrer naquele sorriso.
"Never doubt that a small group of thoughtful, committed citizens can change the world. Indeed, it's the only thing that ever has."
Margaret Mead
Spiritual...
Céu...
É indispensável querermos deitar a mão a mais do que podemos alcançar.
Senão... para que serviria o céu?
Robert Browning
Sobre...
"A alegria é um catalisador de uma experiência científica.
A tristeza um inibidor.
A tristeza encolhe.
Como pode um homem triste descobrir algo?
Só quem é alegre arrisca.
A tristeza é anticientífica."
Gonçalo M. Tavares
Solitude...
Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso.
Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro...
Clarice Lispector
Lugar de livros...
Leituras...
Machado de Assis
Se só me faltassem os outros, vá, um homem se consola mais ou menos das pessoas que perde, mas falto eu mesmo, e essa lacuna é tudo.
Vergílio Ferreira
O passado é um labirinto e estamos nele; um passado não tem cronologia senão para os outros, os que lhe são estranhos. Mas o nosso passado somos nós integrados nele ou ele em nós. Não há nele ou ele em nós. Não há nele antes e depois, mas o mais perto e o mais longe. E o mais perto e o mais longe não se lê no calendário, mas dentro de nós.
Goethe
A perseverança austera, dura, contínua, pode ser empregada pelo mais humilde de nós e raramente deixa de atingir o seu fim, pois o seu poder silencioso cresce, irresistivelmente com o tempo.